quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

"Porquê?"

Há uma sanidade rara, a sanidade que nos incita a despirmo-nos de preconceitos. A perguntar o porquê quanto a maioria está já pronta para sentenciar e executar. Essa pergunta, "porquê?" é a pergunta mais elementar, a que melhor nos define como humanos, a mais pura... (não é à toa que tantas vezes a ouvimos da boca de crianças)
É preciso perguntar porquê para que se possa entender.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Existência

Atingem-me por vezes estas vagas de introspecção, surgidas ao que parece do nada. Mas mesmo esses momentos interiores, escondidos do brilho encandeante e ruído caótico do mundo exterior, não me levam à profundidade que desejo. Queria tocar o próprio vácuo do meu ser. Senti-lo fervilhar entre minhas mãos com um querer inimaginável, o querer saber...
Percebo pelo padrão da minha vida que vou procurar essa verdade tão intrínseca a cada ser. Mesmo descrente, tenho a esperança de compreender um pouco mais esse fenómeno que é a existência

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Meses de Silêncio

Senti o ímpeto de sacudir de dentro de mim algumas linhas. Falhei, as palavras senti-as ocas desconfortáveis...
Foi num repente bizarro, especialmente depois dos meses de silêncio.
A verdade é que nos últimos meses, tentei esconder-me.
Como se ao não escrever não pensasse...
Como se tivesse medo de enfrentar um simples blog...

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Sonho

Hoje sonhei... sonhei uma casa singela, de madeira, escondida do mundo por um bosque. Longe mas abrigando tudo o que realmente preciso...

A Espera

Nestes dias de calor, que em vez de cansarem me enchem a alma, aprendi uma ânsia contraditoriamente serena, aprendi a espera, tão digna, bela e importante.
Na espera sorria, vivo e quero...

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Abstracção

Sentei-me numa mesa solitária no café do costume. Sinto-me protegido por estes rituais mundanos, insignificantes. Protegido do mundo, protegido de mim...
Ideias começam a fluir pela minha mente, pensamento após pensamento, degenerando numa torrente imparável.
Tornei-me tão obcecado pelo sentido da minha existência, que deixei de existir. Tão obcecado pelo sentido das minhas acções que deixei de agir, e tão obcecado pelo sentido das escolhas que deixei de escolher.
Tornei-me uma abstracção, uma construção mental. Um conjunto de nadas, isentos de sentido. A ironia é divinal. Sorrio, um sorriso nervoso, perplexo, irreal... Sou isto...

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Confissões... confusões...

Esta noite o passado remói dentro de mim. Recordo bem demais as vezes em que escolhi perder para que outros tivessem hipótese de ganhar. Não é em arrependimento que recordo, nem sequer é com mágoa, é apenas na incerteza de ter sido a melhor escolha. Fiquei sem saber se ganharam, sei no entanto que perdi... Confundi a incerteza de saber ser, com a certeza do não ser...
Fui-me definindo pelas renúncias mais do que pelo que em mim aceitei e é isso na verdade que lamento... Fundamentalmente arrependo-me de muito do que escolhi não fazer, mais do que das coisas que fiz. Acima de tudo confesso perante mim mesmo, a ruptura da incerteza, a quebra de vontade, o incontrolado medo, a infinita indecisão. Fugi sempre de mim, e de quem me via melhor do que eu próprio...

Necessito de aceitar tudo isto, de me perdoar sem esquecer o que por duvidar fiz a mim próprio...

terça-feira, 16 de junho de 2009

Chauvinismos

Interrogo-me sobre qual a real motivação que nos leva a um chauvinismo quase generalizado. Teremos forçosamente de achar que o nosso grupo é superior a outros? No âmbito social, cultural, religioso, político, clubístico, etc... A lista seria quase interminável.
Será que a tendência para reparar nas diferenças, que afinal até são reduzidas quando comparadas com as semelhanças, é assim tão forte?
Haverá uma sede de superioridade assim tão marcante? Para quê? Afirmação?
Fico perplexo e não consigo encontrar em mim um entendimento desta realidade.
Entristece-me profundamente a aparente incapacidade que temos enquanto espécie de compreender que as semelhanças entre seres humanos serão sempre mais importantes que as diferenças...

terça-feira, 9 de junho de 2009

Divisão

Que doença temos para pensar que somos isolados?
Vivemos na ilusão, demolidora de sonhos, de sermos únicos. Não compreendemos enquanto espécie que nem biologicamente nem espiritualmente existem fronteiras. Nem mesmo com as fotografias tiradas do espaço que revelam a terra na sua beleza simplesmente fantástica, unificada num véu azul, luminoso, na vastidão do quase nada, nos convencem de que somos um só povo... Continuamente guerreamos, lutamos, gritamos para estarmos acima dos demais... Achamo-nos divididos, de espírito quebrado, e tornamo-nos assim pequenos, insignificantes.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

"O inferno são os outros"

Isolamentos artificiais que se repetem sem fim pela existência humana. Não têm campo da acção fixo. Apresentam-se mascarados de amor, trabalho ou moral. São barreiras que permitimos erguer por vontades alheias. São fundamentalmente ferramentas de controlo e subjugação. Deslocam-nos a percepção para outro lugar, longe de nós próprios Enfraquecem, consomem e destroem...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

A caminhada

É cedo demais e eu estou ainda tão longe... As caminhadas que enfrento parecem-me intermináveis Sem entender porquê, coloco um pé em frente ao outro com uma determinação tão oscilante como as marés. Talvez no fundo a Lua também me ordene lá do seu trono alto.
Continuo a caminhar, cansado, mas sempre. Paro de onde a onde na tentativa de encontrar referencias, de me situar, numa tentativa de orientação tantas vezes falhada. Mas continuo mesmo sabendo que partirei sem nunca chegar...

Sol

É nestes dias cansados de si mesmos que mais agradeço a presença do Sol. Sinto-me grato pelo calor doado à flor da minha pele. Grato pelos cheiros repletos de luz. As ruas normalmente acinzentadas ganham o colorido de renovadas melodias e eu olho, toco, e ouço tudo isto. Até hoje não sei se realmente tudo muda com o calor do Sol, ou se sou eu que me transmuto. Sinto diferente, diluindo numa relatividade absurda tudo ao que neste momento me sinto alheio.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Dúvidas parte I

Na desconstrução momentânea da vida, provoco a sua divisão atómica, em busca da energia essencial contida em todas as sub-particulas que a compõem Num acto de raciocínio protegido tenuemente pelas muralhas do castelo de cartas silogístico que é a lógica, procuro à distância de um sopro acariciar a chama infernal da dúvida. Tento chamar a mim sabedorias ancestrais e vindouras de tantos outros que tiveram e terão dúvidas semelhantes, numa tentativa de me manter à tona, navegando as questões colocadas por uma inteligência dúbia, a qual nem sei ser minha.
Pergunto-me obsessivamente ao que venho, quais os motivos indeterminados que me propulsionam, sem obter nunca uma resposta que me satisfaça a sede, que além de sede de saber, é também sede do procurar... ambas insaciavelmente consumidoras...

Dúvidas parte II

No canto mudo dos versos trocados, as dúvidas, recolho a tentativa, sempre infrutífera do perceber. Perturbam-me os que disfarçam de aleatoriedade o desentendimento e esconda sob sapiências dogmáticas a sua incapacidade de questionar. Vejo o Homem como um mutante na sua razão, como "questionante". A eterna dúvida e a procura da inalcançável verdade é o que melhor nos define como humanos, sendo a ausência destas a certeza do erro e da falha. Sob a capa da infindável ignorância humana como podem existir verdades?

Sensação de entendimento

Não tenho olhado o céu, que me olha sempre que saio dos esconderijos levemente escurecidos, blindados por paredes que já bem conheço. Desculpo-me com o cansaço e futilidades, servem de desculpa também para não olhar a relva verdejante crescendo teimosamente sob um sol que tanto quer a quer alimentar como secar, não tenho olhado os sorrisos, uns amarelamente nervosos, outros plenos de verdade. Mas de tempos a tempos paro e escuto. Escuto os sons transportados pelo ar, como aromas distantes, viajando léguas de desconcerto por entre todas as coisas que compõem o mundo que tento compor numa sinfonia harmoniosa dentro de mim. Falho muitas vezes, sentindo em mim uma cacofonia sem sentido, alheia a tudo, imperatriz de um universo sem dó, sem perdão. Mas nem sempre. Em raros momentos tudo se encaixa com um acto de paciência e amor milenares, e eu sou um. Sou um com os sorrisos, com as estrelas, até com a relva verdejante, cagada por cães sem dono que vagueiam distraídos e julgo enganado por minha ilusão desmedida entender...

sábado, 30 de maio de 2009

Véu de Ilusões

De que te vale o véu de ilusões sob o qual te escondes, tentando imitar noivas de outros tempos? Não reparas de tão distraída que estás ao quereres inventar para ti própria dores e mágoas, que esse véu te obscura a visão. Tanto te turva a percepção como deixa transparecer o que não queres que seja visto...

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Os escolhidos...

Chegamos perdidos sem o saber, achando-nos plenos de razão do ser. Aglomeramo-nos tentando exibir habilidades treinadas por um saber fútil, falando das qualidades mediocres de que nos achamos possuidores... Nem bons animais amestrados somos, desfilando no entanto como cães num concurso sob uma trela de ilusões, controlados pelo ego, nosso mestre invisível...

terça-feira, 26 de maio de 2009

Momentos de ócio

Sento-me inutilmente no café do costume. Hábito que não fazendo de mim monge, me incita a escrever. A juntar estes pensamentos aos outros que povoam o caderno onde anoto ideias e sensações que chamo a mim, hoje aguçadas pelo paladar de um café, flutuando no fumo de cigarros que queimam nos dedos e lábios dos que orquestram sem saber o burburinho meio melodioso meio caótico que acompanha a música alheia a todos. Sons quase longínquos de louça que tilinta estridentemente, alternando com o soar mais abafado do vil metal ao cair na caixa registradora. De onde a onde ouve-se um isqueiro hesitante, que nunca acende ao primeiro riscar da pedra, seguido por uma inalação de fumo, quase suspiro, inaudível...
Registo tudo isto, tomando conta das vozes, dos tons, cheiros sem nunca tirar os olhos do papel, do percurso sinuoso da caneta que transcreve, sem saber se sou eu que a comanda se é ela que me ordena a escrita. O tempo passa desatento a tudo isto, sem sequer olhar para os seus subalternos, seus escravos... E eu continuo a escrever, tentando em vão vence-lo, tentando congelar este momento que na verdade não significa nada...

Pequeno bater de asas

Um pequeno pássaro levantou vôo, ao bater asas estremeceu o mundo. Ondas gigantescas varreram as costas de tão pequeno que ele era.
Admirado o pássaro piou timidamente. Na exitação do seu vôo, temeu pousar de novo, o chão ainda se contorcia pela convulsão causada por ele mesmo, e voou até cair morto de exaustão.
O mundo então sossegou, recolhendo avidamente no solo frio o corpo ainda quente do pequeno pássaro já sem vida.
E a paz voltou a reinar sobre o mundo...

domingo, 24 de maio de 2009

Passei esta noite com os meus fantasmas, espectros de à mil anos, antigos e poeirentos...
Falavam-me de insensatez de memórias perdidas, dispersas...
Tentei não os ouvir, mas estavam dentro de mim.
Com a luz de mais um dia cinzento banhado por lágrimas de chuva miudinha, saí e fui ver o mar.
Queria que ele me falasse de outras coisas, de sonhos...
O mar estava sujo de um cinza ligeiramente esverdiado, como se tivesse crescido musgo num cinzeiro infinito e agitava-se em silêncio. As silhuetas dos pescadores ao longe com suas canas apontadas aos céus como se fossem lanças espantaram-me... Queria estar sozinho... ironicamente queria estar sozinho...
Voltei para casa em silêncio, ligeiramente humedecido pelas lágrimas que caiam dos céus, e me escorriam pela face.

Tempo

Tentei surripiar ao tempo,
a vontade do ser.
mas ao acordar do sonho,
vão, sem significado
era apenas eu, eu e mais ninguém
quis ver, tocar, nada... era tarde
o tempo já tinha partido
estava ali sozinho, estava cansado
O Tempo feito sonho
para trás me deixou.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Lucidez

Vez após vez acordo para um estado de uma lucidez estranha, longe da dormência que, noutros dias, me embrulha o sentir e o pensar. Nesses momentos atentos, observador de mim mesmo e dos outros, sinto-me meu, sinto-me eu. Aceito conscientemente as limitações e elas não me incomodam, são dóceis. A alma voa num rumo mais constante, sem poços de ar e estou sereno. As esperanças tomam a forma de futuros possíveis, num cálculo de probabilidades.
Repetidamente toda essa coerência se some também, se refrata infinitamente, perdendo toda a nitidez como um raio de luz ao atravessar camada após camada de vidro grosseiro, não restando mais que um halo ténue e incerto.
O ciclo repete-se, com cada tomada de consciência subtilmente diferente com as leves variações do ponto de encaixe. Assim revolvo feito satélite em torno de um eixo incerto que é o meu lugar no mundo...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Inutilidade

Vejo em teus olhos e ouço de tua boca
a minha inutilidade tão convicta,
que acabo por senti-la como se tivesse sido ideia minha...

3 pensamentos...

A mesquinhês de quem causa infelicidade por não ser feliz, terá eventualmente o seu preço... e ele será elevado...

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As mentiras e ilusões que lançamos sobre nós próprios para apaziguar uma qualquer falha, têm como principal desvantagem a de no fundo sabermos que não passam de mentiras e ilusões...

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Aquilo que julgamos saber, interfere directamente com nossa capacidade de vir a aprender ou descobrir...

Hoje sou eu... amanhã podes ser tu...

Tenho lido em vários artigos de opinião, à cerca do estado lastimável em que se encontra a consciência humana. Os autores que li, referem a tendência crescente para o ser humano, especialmente aquele que habita nos ditos países mais desenvolvidos, para se centrar em si mesmo, nos seus pequenos prazeres, fazendo os possíveis por ignorar o mundo lá fora e as injustiças que dele decorrem. Esta linha argumentativa encontra-se repetida em inúmeros textos quer de cariz metafísico, filosófico, religioso ou sociológico. Culpa-se principalmente a sociedade de consumo. Não sendo historiador, considero-me interessado no percurso humano. A meu ver, este egocentrismo não advém do consumo directamente, mas antes do conforto. É quando nos sentimos relativamente confortáveis que mais o fazemos. É justamente por isso que por mais revoluções que aconteçam o estado das coisas teima em não mudar realmente. Assim que nos sentimos "melhor" viramos a cara e já não vemos... Este facto está aliado à convicção quase dogmática, que talvez nos seja incutida desde muito cedo, para acreditarmos que quanto menos perturbarmos os sistemas vigentes, menos problemas teremos e isso não é necessáriamente verdade...
O perigo não está nas "coisas" que temos ou deixamos de ter e/ou comprar. O perigo está em acharmos que se não nos perturbarem a aparente paz e calma, tudo vai bem...
O consumismo é apenas uma tentativa vã de preencher o vazio deixado pela desconexão que sentimos enquanto espécie, e deve ser esse o alvo do nosso combate...
Os problemas de uns são também os problemas dos outros por mais que o queiramos negar... hoje sou eu... amanhã podes ser tu...

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Supressão

Tantas vezes suprimi o grito, que deixou de fazer sentido sequer falar...
No entanto sinto, quero e sou...

Inibições

Tento explicar inibições e raramente sou entendido. Falo da distinção quase permanente entre o que quero fazer e o que realmente faço. Falo dos constrangimentos da auto-percepção, da noção da liberdade dos outros, das obrigações e deveres... Várias vezes me neguei um função daquilo a que achava não ter direito...
De todas as vezes a imagem do desinteresse e do que supostamente não queria passou, subterrando por completo os quereres, pelo menos visto por olhos alheios. Internamente apetecia-me gritar, precisava gritar, mas não o fiz.
A coerência que devo manter era demasiado importante...
Talvez a partir de certa altura na minha vida tenha aprendido essa importância, as lágrimas em certos olhos tornaram-se insuportáveis... E passei a preferir o silêncio, já que a verdade faz tudo menos sossegar...

"Realidade" - O infinito conflito

Não sei o que pensar da realidade. Aquilo que vejo no mundo fora de mim, parece-me mais irreal do que a minha imaginação. Tanto é falso, tanto é apenas aparente... A própria vida, sinto-a surreal. Em contraste os pensamentos e sentimentos, ainda que contraditórios e paradoxais, navegam-me de forma tão verdadeira e nítida.
No caos que sou, encontro paz, ainda que perturbada tanta vez pelas convulsões do mundo "lá fora". As realidades internas caiem tantas vezes por terra, temerosas e pouco confiantes ao confrontarem as externas. Nunca compreendi a razão desta guerra interminável. Chamam-lhe Vida, A Grande Viagem, mas para mim tem sido o infinito conflito.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Egocentrismo

Em todos os meus escritos se revelam as minhas personalidades egocéntricas. Vejo-me de dentro de mim, vejo-me de fora, no mundo, e vejo o mundo em mim...

O Tempo

O tempo é matreiro. engana-me. Passa irregularmente, desprovido de nexo.
Einstein conjurou matematicamente a sua natureza relativa. Talvez os meus pensamentos o provoquem a ponto de revelar essa natureza relativista ao limite, fazendo-o abrandar e acelerar, mas sempre na direcção oposto à minha vontade...

Entender-me

Escrevo tudo isto numa tentativa de fazer sentido perante mim mesmo. Não tendo contudo tido sucesso até agora...
A razão do meu ser ilude-me. Capaz de grandes esforços pelo que acredito falho nas coisas mais triviais e mundanas. Estou aqui sentado inutilmente no ruído de uma pequena multidão tentando entender-me...

Princípios...

Os princípios que inibem a maioria das minhas vontades, sempre me dificultaram a vida. Apesar de ter já ponderado se não ficaria melhor sem eles, não os consigo abandonar... Ou serão eles que me perseguem como uma assombração que não sei ser benigna ou aterradora?

Estou ainda por descobrir

Apesar de torcido teimo em manter-me de pé, querendo a todo o custo entender quem sou. Fraquejo frequentemente... demasiado frequentemente...
Tento manter um registo mental, uma espécie de diário de bordo das minhas viagens internas, mas até nisso falho. A minha memória é demasiado condicionada pelos desejos e quereres que embalam os meus pensamentos.
Devo lutar, apesar de não encontrar ânimo no dia-a-dia. Olho o que me parece o futuro plausível e ele sorri-me amarelamente. As capacidades que sei possuir, tornam-se quase fúteis. Apesar de práticas parecem-me ocas e inúteis. Estou ainda por descobrir.

terça-feira, 21 de abril de 2009

As estrelas mantinham-se firmes

Fui ver o mar hoje. Não sei bem porque o fiz nesta noite tão fria. Talvez quisesse olhar para me certificar que estava onde o deixei.
A coberto da noite escura, as ondas acariciavam suavemente a areia molhada e fria como se a tentassem aquecer com seus carinhos, mesmo estando elas igualmente geladas. No céu escuro vislumbravam-se algumas estrelas, impetuosas perante a luz do farol que as tentava varrer do seu lugar de tempos a tempos mas sem sucesso... As estrelas mantinham-se firmes.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Sou, sem saber quem sou...

Gostaria de poder dizer que estou à espera de algo, mas não é propriamente verdade. É mais uma sensação de náusea que não sendo propriamente má, me perturba, me tolhe as percepções, os quereres. A ausência que me sufoca sem saber sequer o que está ausente, também me faz viver um mundo intensamente interior, recolhido em si mesmo, aquecido apenas por um fogo interno do qual não escapa nem uma única centelha de luz ou calor. É um fogo que se auto-consome numa convulsão eterna e imaterial.
Gostaria de dizer que (me) encontrarei em algo, ou então em nada, mas não me reconheço propriamente como perdido, sem nunca no entanto sentir que pertenço. Flutuo num estado de ligeira desorientação, achando Nortes temporários em direcção a este ou aquele monte. O Sol esconde-se sempre por de traz da próxima montanha. E continuo a navegar, por mais acompanhado que esteja, numa solidão que é só minha, eternamente minha.
Gostaria de saber esperar, de saber querer, ou até de saber ser. Através dos sons mudos tento explicar mas não me entendem...
Sou, sem saber quem sou...

quarta-feira, 4 de março de 2009

Ilusões

Contemplar o passado é inerente à nossa condição. Os nossos olhos só vêm o passado. Uma pessoa que olhe a sua imagem reflectida num espelho a um metro de distancia, vê-se como era aproximadamente 7 nano segundos (um nano segundo é a milésima milionésima parte do segundo) no passado. Quanto mais longe está o que observamos mais recuamos no passado. Ao luz do Sol demora 8 minutos e meio a chegar até nós. Se este desaparecesse só ficaria-mos na escuridão 8 minutos e meio depois. Quando olhamos o céu estrelado vemos as estrelas como elas eram anos, séculos, milénios ou milhões de anos antes, depende da distancia a que estão de nós. O presente não é mais do que uma construção da nossa mente, uma ilusão.

Os meus "pensatempos"

Chamaram de "pensatempos" à forma apaixonada como vejo o universo. Àquilo que é tão meu, tão eu...
A importância que têm para mim ficou esquecida, como as estrelas longínquas que não se podem ver a olho nú, perdidas no espaço, perdidas no tempo, num passado forçado pelas distâncias...
Quem sou ficou perdido, mal entendido, e com o tempo esquecido.
Mas eu continuo eu, mesmo perdido...

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Vastidão de escolhas...

O Universo é "demasiado" vasto! Afirmo em tom de bincadeira. :)
Toda a minha vida tive problemas com as escolhas. É difícil escolher algo em deterimento de outra coisa. Exemplo claro disso são os assuntos sobre os quais leio e me interesso. Tanto posso estar a ler sobre psicologia, como filosofia, electrónica, informática, física quântica, esoterismos, um sem fim de assuntos sobre os quais nunca saberei o suficiente para me satisfazer. Custa-me a entender as especialidades. Admiro as pessoas que se dedicam a uma só coisa de corpo e alma, contudo não as entendo... 1000 vidas não me chegariam para estudar e compreender tudo o que quero compreender e saber. No fundo isso é uma "deficiência" minha, uma vez que dificulta a existência numa sociedade cada vez mais especializada. Nunca foi pessoa de ter um ou outro sonho, mas sim um universo inteiro composto de sonhos, e torna-se tão difícil escolher...